UBES

Segundo o Ministério da Educação, cerca de 40 milhões de estudantes cursam o ensino fundamental, médio e profissionalizante no Brasil. É uma fantástica e movimentada multidão de jovens, ideias e sonhos diversos presentes nas salas de aula, laboratórios, nos grêmios estudantis de norte a sul do país. Para representar todas e todos esses estudantes, existe há 66 anos a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES). Fundada em 25 de julho de 1948 no Rio de Janeiro e presente em todos os 27 estados, a UBES é, ao lado da UNE (União Nacional dos Estudantes), a maior referência da juventude organizada no Brasil.
A UBES, que também reúne todas as uniões estaduais e municipais secundaristas do país, carrega uma história de protagonismo nos principais momentos da vida nacional dentro das últimas sete décadas. Já nos anos de 1950, o movimento estudantil encabeçou a campanha “O Petróleo é Nosso”, em defesa desse recurso natural e que culminou com a criação da Petrobras. Foi também no mesmo período, no ano de 1956, que os secundaristas pararam o Rio de Janeiro, então capital nacional, com a célebre Revolta dos Bondes, na luta por mais acesso e qualidade no transporte público. Essa é uma reivindicação antiga, que persiste até hoje com as campanhas pelo Passe Livre Estudantil nas principais cidades brasileiras.
No início da década de 1960, a sede da UBES e da UNE na Praia do Flamengo (RJ) foi um valioso polo criativo para o movimento político e cultural do país, com a participação de artistas, pensadores e a visita de personalidades como o próprio presidente da República João Goulart. Porém, os secundaristas foram violentamente agredidos com o golpe militar de 1964, que teve, entre suas primeiras ações, o incêndio e fuzilamento da sede dos estudantes na madrugada do dia primeiro de abril.
Nos anos de chumbo, a UBES foi posta na ilegalidade, grêmios estudantis e entidades de base foram destruídos com a promulgação do Ato Institucional N°5, em 1968. Foi também neste mesmo ano que o jovem secundarista Edson Luis foi morto por um tiro de soldado, durante uma manifestação estudantil, e se tornou um grande símbolo da luta contra a ditadura. A UBES enfrentou seu momento mais difícil durante a década de 1970 e os estudantes conseguiram resistir se organizando nos chamados centros cívicos das escolas brasileiras.
A reconstrução da UBES só veio a acontecer em 1981, em um congresso da entidade em Curitiba. Pouco tempo depois, em 1984, os secundaristas já eram a linha de frente da campanha pelas Diretas Já nas ruas do país. Com a volta da democracia e a Assembleia Constituinte de 1988, a UBES lutou e conquistou o direito do voto aos 16 anos no Brasil. Já em 1992, foram os estudantes secundaristas “cara-pintadas” os principais personagens da campanha Fora Collor, arrastando multidões pelo país no processo que levou ao impeachment do presidente Fernando Collor de Melo.
Na década de 1990, a UBES resistiu contra o projeto neoliberal, as privatizações em setores estratégicos do país e o sucateamento da educação nacional. A entidade cobrou a expansão e reformulação do ensino técnico, sob o bordão “Queremos mais do que apertar parafusos” e também ampliou a luta por outros direitos dos estudantes como a meia-entrada em eventos culturais e esportivos. A meia-entrada veio a ser aprovada nacionalmente em lei somente no ano de 2014 e atualmente espera regulamentação sob a pressão do movimento secundarista.
Durante os governos Lula e Dilma, o movimento estudantil recuperou um canal de diálogo e reivindicações com o poder público, conquistando vitórias como a reserva de vagas para estudantes de baixa renda nas universidades, a Lei de Cotas e a ampliação das vagas no ensino superior. Em 2007, a UBES recuperou, ao lado da UNE, o terreno de sua antiga sede, na Praia do Flamengo. Com um novo projeto doado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, os estudantes atualmente constroem ali um museu e um centro cultural voltado à memória da juventude brasileira.
A partir do ano de 2010, a UBES imergiu totalmente na luta pela aprovação do Plano Nacional de Educação e pelos investimentos de 10% do PIB nesse setor, que foram conquistados em 2014. Nesse período a entidade também reivindicou e garantiu a aplicação dos royalties do petróleo do Fundo Social do Pré-Sal para sistema de ensino do país. Com uma grande mobilização nas ruas e nas redes, a UBES integrou o movimento responsável pela aprovação do Estatuto da Juventude, reforçando os direitos dessa enorme parcela da população. Já em 2013, a UBES participou das históricas jornadas de junho, por melhorias nos serviços públicos, mais participação popular e da juventude.
Atualmente a UBES realiza grandes atividades como o Encontro Nacional de Escolas Técnicas (ENET) e o Encontro de Grêmios, além do congresso da entidade, que ocorre a cada dois anos. Entre suas atuais bandeiras estão a reformulação do ensino médio, mais democracia nas escolas, o fim do machismo, do racismo e da homofobia no ambiente escolar e a assistência estudantil. Também defende outras pautas como a desmilitarização da polícia militar, o combate à proposta de redução da maioridade penal e a defesa da reforma política brasileira, com o fim do financiamento de empresas a políticos e o combate á corrupção.

MÍDIAS


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